9 de junho de 2007

Episodio 17

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Série: Episódios da Crônica nº22

Episódio 17 - Crise


Era a coisa mais próxima de "sono" que o corpo e mente dela sentiam nos últimos dias.

Ela não estava nada bem consigo mesma. Sentia-se culpada, e pior. Antes, era apenas uma dúvida terrível.

Agora, realidade.


Ela não conhecia a origem da primeira "Janela", não sabia por que abriu, não tinha idéia do por que havia fechado. Isso não interessava naquele momento.

Mas ela ligou os pontos, e encontrou a pessoa que "abriu" a segunda janela, no espelho, na manhã anterior.

Ela era culpada.

Todas as pessoas normais saiam no feriado de Natal, iam conviver com suas famílias, jantar na casa de outrem ou se ocupar de coisas do coração ou do bolso.

Por que ela tinha de ser diferente? Por quê?

O que à levou a ficar na cadeira do jardim, na frente da caso do velho pai, com o CI ativado, calculando, arquivando... enfim, trabalhando?

Isso à levou a ter idéias.

Ela não pensava em Deus havia tempo. "Será?"

Questionar, pensar, tentar entender.

Havia algo errado nisso?

Mariane se revirava na cama, desejando apagar naturalmente. Algumas lágrimas no rosto.

Nas primeiras horas do dia 19 de dezembro, com os irmãos e irmã, e os pais comemorando o Natal, ela teve uma idéia.

"Qual o poder das idéias?" uma vez perguntaram pra ela.

Ela agora sabia a resposta, e era muito maior do que a maioria das pessoas poderia pensar.

Quando a janela se abriu exatamente? - ela se perguntava, e logo sentia-se mal por continuar a perguntar depois de perceber aonde as perguntas à levaram.

Naquela noite, ela formulou uma equação, resultado de um trabalho de semanas seguidas.


Semanas.

Semanas, e com algum papel, vários kilobytes de texto e determinação.

Tinha de ser ela?!

Por que não outra pessoa?

A tal equação separava o tempo do espaço em algumas situações raras. Isso teoricamente implicava numa possível viagem no tempo.

Possível... MUITO POUCO possível.

Quando as pilotos Camila e Pâmela desapareceram ela identificou imediatamente as condições que tornariam uma vigem no tempo possível, mas aquilo tão concreto como um sonho.

Não deveria funcionar. Ela nunca acreditou nisso, pelo menos não conscientemente. "É um absurdo".

Nisso ela errou.

Quando ela e alguns colegas foram escolhidos pelo gabinete da Conselheira-Mor para descobrir o que havia acontecido, ela, de pronto, aceitou.

E entendeu. E organizou tudo aquilo que hoje a cercava, sem saber que ela própria havia criado as condições para que acontecesse.

Convenceu seus colegas, e a própria Conselheira-Mor.

Não havia sido fácil.

Eu devia ser castigada? - pensamentos, muitos deles auto-punitivos, passavam pela cabeça. Ela nem mesmo tinha coragem de inibir o super-ego pelo CI.

Não tinha coragem nem mesmo para ligar o CI.


Ao formular aquela equação, ela tornou possível viajar no tempo.

E isso a consumia.

Seria ela culpada por um erro-lógico na continuidade do tempo, um loop pelo qual todo o universo estaria fadado a passar por causa de uma idéia dela?

Mais pensamentos naquela mente inquieta passavam. Depois de horas de tormento e revolução interna, ela realmente adormeceu e teve pesadelos.


Continua(?)

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