2 de janeiro de 2007

Arthur, agora proseando...

(Conto, ficção cientifica)

Piloto 17
-Escrito por Arthur Julião-

A versão ao vivo de "2 Minutes to Midnight" do Iron Maiden ressoou na pequena cabine da nave 17.
Normalmente os pilotos das orbitais preferem o silêncio total para centrar seu pensamento e acionar mentalmente os controles das orbitais. Esta orbital só ficava em silêncio quando estava vazia.
A Nave se levantou precipitadamente do chão e flutuou alguns segundos a cerca de 25 cm do chão, enquanto seus sistemas se preparavam. Dentro da cabine, duas pequenas esferas metálicas cor cinza escuras saíram do braço da poltrona do piloto e se posicionaram logo abaixo as mãos dele.
Um barulho ensurdecedor preencheu o hangar enquanto as turbinas começavam a pressurisar o ar, as portas do hangar correram rapidamente. Dentro da cabine o piloto concentrava sua mente no destino - a Lua - e no caminho que seguiria até lá.
Do lado de fora, outros prédios também abriam suas portas, uma corrida estava para começar. O AGG das orbitais fez as naves - cujas turbinas já pressurizadas silenciaram - deslizarem suavemente até uma pista preparada do lado de fora.
Como os antigos carros de corrida, as orbitais se posicionaram em duas filas indianas paralelas. As orbitais eram muito semelhantes entre si, todas naves esportivas, AGG's internos, 2 turbinas externas, 2 propulsores internos, 1 bateria de 3GWh com um processador de antimatéria em miniatura (o item mais pesado da nave, sem dúvida), todas pesando entre 15 e 17 toneladas, e flutuando suavemente a exatos 25cm do chão.
As naves eram todas pretas, com dois grandes números brancos ou vermelhos pintados nas asas, acima do nome do piloto da respectiva nave.
Por uma questão de segurança, todas eram blindadas e as únicas pessoas num raio de 6 km eram a equipe de socorro, os bombeiros e os próprios pilotos.
A orbital 17 tomou a 3ª posição e foi uma das últimas a se posicionar, antes somente das naves 02 e 81.
Cerca de 500 metros à frente da nave 09, que ocupava a primeira posição, estava uma rampa que se inclinava 30º até alcançar 10 metros em relação ao nível do solo.
Na cabine 17, a música terminou, dando lugar à contagem regressiva para a partida. O piloto - Arjen - respirou longa e profundamente, os sistemas responderam mostrando no pára-brisa a situação de todos os sistemas da nave e das condições físicas e psíquicas do piloto. A Conexão N estava em 16% e subindo lentamente.
A contagem decresceu segundo a segundo, e a corrida começou. A Largada foi a mais bem sucedida da temporada, todas as naves responderam bem, e a média das Conexões N estavam em 10%. Os AGG's funcionaram bem e nenhum piloto desmaiou imediatamente.
Em cerca de 16 segundos todas as naves já tinham alcançado 300km/h.
A nave 00, que começou em segunda posição, ganhou a dianteira no 17º segundo, sua Conexão N estava em 18%!
A nave 09 perdeu mais uma posição, para a 17.
Na cabine da 17 Arjen abandonou os sensores esféricos e usou a direção tradicional a partir do 20º segundo, quando começou a tocar "Du Hast" do Rammstein na sua cabine.

O objetivo da corrida era chegar à recém criada Base de Observação e Pesquisa Aristarco, na Lua, em menos tempo depois de completar 1 volta na Terra, 15 km acima da Linha do Equador.
Essa corrida era assistida por mais de 1 bilhão de pessoas do mundo, através da rede, e era o evento esportivo mais caro do ano.
Câmeras transmitiam a imagem de todas as neves, e indutores de RV colocavam os telespectadores mais ricos numa simulação quase em tempo real do ponto de vista de qualquer piloto.
Talvez pela trilha sonora, o "piloto 17" fosse a simulação mais requisitada. (3 pessoas tiveram que interromper a simulação por risco de ataque cardíaco)

Partindo do Campo de Marte em São Paulo, os primeiros pilotos demoraram menos de 1h para alcançar, já em alto-mar, a Linha do Equador.
Quando todos se alinharam sobre a Linha do Equador as primeiras dificuldades apareceram. As simulações de aviões comerciais surgiram no pára-brisa dos pilotos, que tinha de se desviar constantemente para evitar a desclassificação. Enquanto o 17 ouvia "Gates os Tomorrow" do Iron Maiden não teve problemas em desviar das simulações.
4 dos 22 participantes foram desclassificados.

AGG: Anti-Gravity Generator
Função: Diminui a Força G à que são expostos os pilotos, aumentando a aceleração máxima possível sem desrespeitar a segurança, quando funciona. Também mantém a nave flutuando enquanto seus sistemas se preparam para as corridas

Conexão N: Principal item de navegação e comunicação entre os pilotos e suas naves, sensores que interpretam os sinais elétricos no cérebro e traduzem para a nave como comandos, exigem concentração da maioria dos pilotos, para maximizar a interpretação correta dos impulsos nervosos do cérebro por parte da máquina. O recorde mundial de "afinidade" foi de 19%, por 6 segundos. Esse item consome a maior parte dos investimentos
A C.N. exige que o usuário tenha a cabeça raspada para uso, biosensores internos são proibidos. Ela deve interpretar rapidamente a informação que recebe, pois seu principal uso é no desvio de pequenos corpos celestes das naves de mineração no cinturão de asteróides.

Sensores Esféricos: Equipamento periférico da Conexão N recolhe dados interpretados a partir dos movimentos das mãos do piloto e reconhece-os como comandos.

A segunda onda de dificuldades chegou para os pilotos há medida que eles chegaram ao continente africano. Uma simulação de zona de guerra os obrigou a se desviar diversas vezes de bombas e mísseis, sem ajuda do sistema de navegação auxiliar dessa vez.
A piloto 00 continuou na dianteira com certa folga apesar das dificuldades, mas sua conexão baixou para "meros" 14%.
O 17 se atrasou bastante, no entanto continuou a frente dos demais.
A simulação só terminou quando estavam acima da Ásia, foi sem dúvida à fase mais difícil da prova, 7 participantes da prova foram eliminados, incluindo o 09. O terceiro lugar ficou com o piloto 27.
Ramones começou a tocar na cabine de Arjen, que pouco a pouco foi recuperando a proximidade com a piloto 00.

A terceira onda de dificuldades surgiu quase acima do extremo-oriente, quando tiveram que aumentar a altitude ao mesmo tempo em que lidavam com um enxame de naves orbitais simuladas, e alguns acidentes também simulados. Mas dessa vez as naves 27, 04, 17 e 00 continuaram muito próximas enquanto as demais se distanciaram um pouco.
Lordi invadiu os tímpanos do piloto 17 enquanto mais 2 pessoas passavam mal ao redor do mundo por causa das simulações das naves 17 e 00. Arjen estava cada vez mais próximo da piloto 00.

Já acima do Equador as naves teriam dentro em pouco tempo o segundo maior desafio tecnológico enfrentado, a saída da atmosfera e entrada em órbita, os AGG's começaram a funcionar com 100% de potência enquanto as naves alcançavam velocidades 8x acima da velocidade do som e continuavam acelerando, as funções vitais do piloto 04 caíram suavemente e, por segurança, a base o obrigou a abandonar a prova.
De volta ao oceano Atlântico os pilotos que sobraram entraram em órbita com sucesso.

Dentro das naves 00, 17, 22, 11 e 27 o ar pressurizado antes da corrida e tanques de O2 líquido e H2 sólido deram propulsão necessária para que eles escapassem completamente da gravidade terrestre e se dirigissem (agora mais lentamente) para a base lunar.
Das demais naves, 3 também conseguiram escapar da órbita da Terra sem maiores problemas com apenas os tanques de O2 e H2.

A nave entrou em piloto automático e os pilotos na corrida entraram em um estado semelhante a coma induzido, porém bem mais leve.
O 17 e a 00 literalmente emparelharam durante metade da viagem até a órbita da Lua.
Ao entrarem em órbita da Lua, dias depois, o 17 tinha a vantagem de alguns centímetros concedida pelo piloto automático, tentou se aproveitar disso, e conseguiu uma vantagem mínima em relação a piloto 00.
O pouso na base Aristarco foi bastante tranqüilo para ambos, mas ela conseguiu se recuperar pouco antes de chegarem e houve um empate.

A saúde de todos os pilotos estava relativamente boa, alguns tinham sofrido um pouco e tiveram grande parte dos capilares no sistema circulatório avariados, mas se recuperaram rapidamente lá.

Os pilotos 17 e 00 dividiram a taça de vencedor. A baixa gravidade fez bem a ambos.

Fim(?)
-/-
(copie avontade, mas não se esqueça de me colocar como autor ¬¬)

Espero que gostem, até mais

6 comentários:

Arthur J. disse...

Observação 1: Baixa Gravidade: Faz bem, se vc fica pouco tempo exposto à ela, eles ficaram uns 8 dias... meu chute é q não fez mal.
Dormir em gravidade zero é bastante relaxante, vc sente q está flutuando, e está mesmo! xD

Anônimo disse...

Texto muito bom e escrito em meia hora! o_o" Olha só esse moço, humilhando as pessoas que demoram um dia inteiro pra escrever meia dúzia de linhas.. =p
Viva o Go Go Dancer! \o/ XDDD (cortesia da minha ilustre irmã)

- Isabela

Anônimo disse...

Como sempre, mais uma viagem fantástica de arthur julião! Parabéns pela enoooorme criatividade... as vezes acho q vc eh meio louco, sabia?!

vai ser campeão de vendas com seus best sellers quando crecer! hehehe... espero q autografe o primeiro exemplar e me dê de presente! hahaha! Bjão! (e feliz niver!!)

Camila da Mata disse...

Confesso que cada vez mais conhecidos me impressionam com textos de imensa criatividade...

Gostei...mas deu um puta trabalho pra ler...

E o final(?) me deixou frustrada...

Mas ta muitoooo bom ^^

Teh mais...cuide te
(E feliz aniversário(Não desejado antes porque achei que pudesse te encontrar na escola ontem e desejar pessoalmente...)

Rede Projetos EJA disse...

Oi, Arthur!
Viu, entrei no seu blog, finalmente....rs
Muito bom! Adorei sua foto de menino! Devia ser impossível!
Conversamos mais no PEAT
Abs. Keila

Anônimo disse...

Oie...

Eu gostei do texto. Apesar de ser muito aula de Fenomenos mecanicos...
Soh tenho um comentario: Ainda estou calculando a aceleracao inicial da nave...

Assim q eu conseguir... T aviso!

Ateh mais!