-texto por Arthur Julião-
Local: Uma planicie vasta, plantas rasteiras e secas ao redor.
O dia se vai, o sol se esconde no horizonte, eu o céu se se inunda de cores.
As núvens se tornam brilhantes, e o céu varia de um forte laranja a oeste, para um azul tranquilo e frio ao leste quando as primeiras estrelas surgem tímidas no céu.
O velho se levantou, essa noite, seria o primeiro a guardar a comunidade.
Os demais dormiriam tranquilos, a meia noite ele poderia dormir, pois outro montaria a guarda.
Não esperavam um ataque em especial, era mais pelo costume do que por uma ameaça bem definida.
Um jovem se aproxima.
- Posso montar guarda se quiser, não estou com sono.
- Aproveite o sono jovem, quando chegar o momento, poderá montar guarda. Será seu dever.
- Há tempos não somos atacados, posso ficar aqui, com você?
- Pode.
Ambos circulam a comunidade, olhando a noite nascente e as estrelas.
(Jovem)- Oque serão elas?
(Velho)- Não sei, mas elas não te fazem mal.
(Jovem)- E que mal luzes podem fazer?
(Velho)-A luz ilumina seu caminho?
(Jovem)- Sim.
(Velho)-Pois também ilumina o dos seus inimigos, e também dos estranhos.
(Jovem)- Estranhos?
(Velho)-Sim. Não sabe deles?
(Jovem)- Não.
(Velho)-Quando eu era jovem, ao montar guarda pela primeira vez, os vi.
O sono, que hoje você recusa, me incomodava na segunda metade daquela noite.
Eu ouvia de longe um ronco, ou rugido. E vi duas luzes correndo anoite, chegando perto.
Me preparei para uma invasão, mas aquela coisa me acertou primeiro.
Eu não cheguei a ver o quão perto ela estava, e já era tarde. Pensei que morreria.
O veneno era forte, eu cai no chão.
A última coisa que vi foram eles chegando.
Seres estranhos. Nús. Que andavam desengonçados. Muitos deles.
E muitas luzes.
Lembro de ter estado num lugar branco.
Tanta luz me cegava, e eles estavam lá.
E faziam coisas em mim, mechiam na minha nuca, nos meus dedos e nos meus dentes.
Olhavam para mim como quem anda e reconhece um terreno.
Eu tentava me mover, mas meu corpo não obedecia.
De novo eu adormeci.
E de manhã, quando o sol já ia alto no céu, eu acordei.
Estava próximo ao rio, perto da comunidade.
Me levantei, e andei até o rio.
Enquanto bebia água, senti como se estivesse sendo caçado.
Se eles ainda estivessem à espreita e eu não conseguisse vê-los.
Corri a região e não os encontrei.
Mas ainda sentia isso.
E sinto até hoje.
Nunca mais vi os estranhos.
Mas ainda sonho com coisas como aquelas, como se me levassem e fizessem de novo o que fizeram.
(Jovem)- E não sabe oque eram?
(Velho)-Não.
Por uns instantes o jovem refletiu.
(Jovem)- Vou dormir então.
(Velho)- Vai. E não de atenção as histórias de um velho senil.
(Jovem)- Não se preocupe não me assustou.
O jovem saiu.
O velho sentou-se ao lado de uma árvore. Lembrando-se dos estranhos.
E se um dia compreenderia o que afinal, tinha acontecido naquele dia de sua juventude.
FIM
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Um comentário:
Wow...
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